O(s) Projecto(s)


Podia ter cruzado os braços,
ter-me entregue ao descanso, tão necessário em mim.
Ao invés disso, e perante um chão cujo trilho ameaçava uma rota tortuosa, arrisquei.
Troquei um mês de respiração calma e quase inerte por um mês de tumultos misturados com sorrisos,
por um passo em frente (ou deverei dizer ao lado?!) nas minhas ambições,
e uma mão cheia de novas recordações.

Nada mais será igual, por muito que o final do mês represente um ponto final nestas "férias" e o voltar ao mesmo de sempre..

Na verdade, ele vai representar o começo de tudo!
O sonho (que não sei se alguma vez o sonhei) está aí, prontinho a ser vivido.
E levo toda a bagagem pronta.
Pronta a ser doada, de corpo e alma.

Levo também na mochila o vosso apoio, o entusiasmo
e, acima de tudo, a vossa expressão de alegria e satisfação perante os meus passos.
E por muito que algumas presenças nem sempre sejam possíveis, estão sempre comigo: lá.
Porque o camarim nunca será um local a solo, nunca será apenas uma garagem fria.
O camarim é aquilo que vocês fazem dele.
São as vossas mensagens, os vossos rostos, os vossos aplausos
ou por vezes apenas o vosso pensamento ainda que distante.

Depois existem aquelas faces pequeninas e os sorrisos desdentados que nos prendem.
aqueles abraços meigos e todas aquelas palavras proferidas na inocência de quem tem 5 anos..
Sem darem conta do impacto que têm palavras pequeninas
fazem-nos crescer com eles, sorrir com eles
e desejar que o tempo não corra mais.
Parar ali, assim, no espaço. Permanecer ligada a ele.

Vou apenas esperar que o tempo não me leve estes sorrisos,
nem o calor e a reciprocidade de um olhar,
porque foram apenas eles que me fizeram dar aquele passo quase sem consciência, quase sem acreditar..
foram eles que me fizeram ficar! :)

"Bem Vindas ao Projecto!"

Rotina

Dizem que mata.
Mata a existência, a genuinidade e a força dos laços.
Quebra-os como o tempo corrói um pano,
e acaba por torná-los frios tal como um por do sol leva consigo o calor.
No fundo pinta na tela de cada um de nós uma vivência enfadonha
a qual o Homem tenta freneticamente contornar.

Por isso surgem as mudanças.

Trazem consigo uma lufada de ar fresco.
Permitem-nos tocar levemente o chão de outras almas.
Por vezes, ao tocá-lo, encontramos nele pegadas do nosso próprio chão!
Contornos em tanto semelhantes, embora de tamanhos diferentes,
que julgo até ver nesse chão a minha própria imagem reflectida.
E ao mesmo tempo que me estico um pouco mais, percebo no olhar que aquele chão não é o meu, mas que o complementa em tanto!

Por vezes a imagem no chão foge, imposta pela rotina.
Como se existisse uma linha a seguir, predestinada.
Como se o Homem estivesse resignado a essa "vivência enfadonha" ou a ela condicionado.
Porque é tão mais fácil cedermos à rotina do que arriscarmos rotas novas.
Porque todos nós, em tantos passos desta nossa caminhada,
precisamos apenas de abrandar um pouco,
e respirar.

Depois ela volta a tomar conta de nós.



Deixo-vos ainda com uma música perfeitinha..
[D'Black - Sem ar]