Adeus 2008... Viva 2009!

Viramos esta noite mais uma página das nossas vidas.
Em 2008 ficam tristezas, rancores e pedacinhos de nós menos alegres enquanto projectamos a vida perfeita para 2009.
É sempre assim, todo o final de ano.
Como se o passar de ano, por si só, permitisse fechar verdadeiramente um ciclo que ficasse recalcado na memória e daí em diante pudessemos traçar uma vida nova.

Sim, mais uma vez tenho sonhos e projectos.
Mas não, não há assim tanta coisa a lamentar em 2008.

Hoje que espalho aqui os pedacinhos de 2008 que guardo no chão da minha alma sorrio. Mas sorrio muito! Guardo de 2008:
- Dança! O casting, projecto, ensaios-gerais, cada pedaçço de chão onde dancei, colegas, alunas, crianças dos jardins de infância (e aqueles sorrisos meigos e desdentados)
- Itália! Linda, linda..
- BodyCombat (cursinho de instrutora done)
- Borboletas..


Não quero um 2009 fora de série.. quero só que seja tão bom quanto foi 2008! :)

FELIZ ANO NOVO!

"Será, Então, Não..." por Rafael Paim

"Será que é mesmo assim essa história de fazer o que nos agrada?

Então e parte de fazer o que esperam que a gente faça?! E não fazer o que parece mal? E ainda não fazer por falta de coragem!?

Não será natural as pessoas fazerem o que acham normal e menos complicado?! Não alterar as coisas que tomam como certas e garantidas e as quais pensam que tem algum domínio!?

Será que arriscamos anos de tranquilidade e certezas por momentos de nervosismo e incertezas??? Será que mentir para nos é tão fácil como mentir para os outros?!

Então e o que podemos deixar de viver? E os finais que vamos perder, apenas porque o princípio parece difícil e doloroso?!

Não será sobreviver deixar de viver tudo?! E porque parece capricho e não uma decisão ponderada e reflectida!?

Será que é mesmo assim essa história de fazer o que nos ensinam?"


Publico hoje este post escrito pelo Rafael Paim no blog Filosofia Barata. Porque eu própria não o transporia melhor em palavras, este tema tão espelho de e em mim. Leiam, releiam e reflictam...

Um resto do tempo quente

Há uma réstia de calor neste quarto
(suspeito ser breve e fugaz).
Julgo tê-la sentido entrar com vocês que me alentam
e penso tê-la feito ficar por nós, imortais.
Aos poucos percebi que é chama que arde sem se ver,
mas que se sente tanto, tanto!
Junto a ela sinto-me 'estúpida', tola, criança..
sinto o sorriso a rasgar-se aos poucos, por tudo e por nada
e é tão perfeito assim.
Fecho os olhos e volto a senti-Las..

Vivo

Vivo em constante rodopio, perdida no sono e tão certa de mim
Vivo na memória dos que não me esquecem
e até mesmo escondida na daqueles que julgam ter-me adormecida.
Vivo também em mim, comandada por sonhos e ambições
Vivo em nós, na incerteza da segunda pessoa.
Vivo sobretudo no chão de um sonho e nas pegadas daquele rumo,
no calor daquela casa e no sorriso aberto naquele espelho.
Deixei de me querer encontrar:
porque sei onde fiquei.

Viagem no tempo

Viajo no tempo à velocidade da luz
como quem vai e volta sem sair do mesmo sítio.
Por vezes vou e regresso num compasso do tempo.
Por vezes vou e fico.
Demoro.

Paro no tempo numa mesa, num café,
num passeio ou até mesmo num túnel.
Demoro porque quero, porque recordo.
E demoro sem pressa de voltar a acender a luz
porque demoro no sorriso.. debaixo do sol.

Rascunho

Arrisquei remexer nas folhas secas no chão
e debaixo delas tracei a lápis um novo rumo.
A tracejado e inconstante, pé ante pé julguei passá-lo a limpo.
Trouxe cores novas, mudei as cores ao céu!
Mas pelo canto do olho vejo tanto, tanta coisa.
Escorrego nesta sombra tão presente.
Sinto, passo, ando e corro.
Volto lá, voltamos a sorrir
volto ao silêncio feliz e ao compasso tranquilo rumo a casa.

De olhos postos no (meu) céu

Pintaram o meu céu de azul, quase como dando um tiro no escuro.
Um azul tão claro e límpido que me fez erguer a cabeça nesse sentido.
Como quem nada espera (mas ao mesmo tempo tudo) estiquei-me nas pontas dos pés para o tentar alcançar, ver se era real.
Talvez por ser assim, pequenina, não o consegui perceber.

Mas gostei da cor. Se gostei!
Gostei tanto que não sei mais ver outra cor neste meu céu.
Tanto tanto que julgo andar sempre em bicos de pés e de face erguida, de olhos fechados.
Em vão, porque não chego lá!

Mudanças

Sim. Mudei o chão da alma.
Mudei tanta coisa dentro de mim que não faria sentido o blog ser o mesmo.
Negro? Diria apenas carregado. Porque é assim que a minha alma tem adormecido.
Opaca e ao mesmo tempo tão carregada de marcas e palavras, de frases que o destino teima em fazer soar ao meu ouvido.
As mesmas palavras que não são ditas pelo olhar.
Tão contrário ao que agora oiço, tão contrário ao que sei que senti.

"São emoções que dão vida à saudade que trago" (Mariza in Chuva)

Elas que acompanham estes pés descalços, os mesmos que giram e se elevam com leveza na esperança de que elas ali fiquem.
Com aquela música. Com aquela dança.

Saudade

"Há gente que fica na história, da história da gente..."


[Mariza - Chuva]

São emoções que dão vida à saudade que trago..

I Still..

Flutuo neste azul que me leva de volta ao conforto
e que me transporta para perto de tudo o que amo
Esta água que agora me separa das recordações e da existência
separa agora e sempre momentos distantes mas ainda tão presentes.
Queria poder ser livre, sem consequências.
E quanto mais me aproximo desta margem maior é a ansiedade:
quanto menos este mar nos distancia maior a impossibilidade de tanta coisa!

Deixo aqui, por isso, este grito surdo e sufocado
na esperança que seja abafado pelo som do mar que embate neste cais.
E acabo por perceber assim que quanto mais tentamos esquecer o som do mar a embater nas rochas, tão mais força ele tem!

Dança e mais dança



Porque é isto que me ocupa o espírito sempre que a memória teima em trazer a saudade..
é isto que me faz Feliz!
[foto do final do espectáculo em Lisboa, 30 de Junho]

4 meses depois

Às vezes paro e permito-me olhar para trás no tempo
e é nessas alturas que dou conta da bagagem cada vez maior que trago comigo, mês após mês.
Lembrar-se-ão vocês do post já antigo que falava d' O Projecto (se não se lembram têm sempre hipótese de ir reler..)
Pois bem.. passaram já 4 meses.
4 meses de trabalho, de ensaios, de suor e de sorrisos.
Os pés caminham cada vez mais em pontas,
e apesar de algumas "pessoas base" terem ficado pelo caminho a força com que me agarro é cada vez maior.
Podem ter desaparecido, mas nunca vou esquecer o incentivo que me deram a participar no casting.

E a estreia é já esta 6ª feira!! :)
Um misto de ansiedade e nervosismo toma conta de mim nesta altura.
Nervosismo porque desta vez o público não ocupa o espaço de um bar.. é uma sala repleta de amigos e anónimos apreciadores da Dança Oriental,
ansiedade de mostrar a todos o quanto a dança pode ser divertida e entusiasmante e o gozo que nos deu a todas aprender cada um destes pedacinhos de ritmo que o Mahdy nos trouxe (e muito bem! grande coreógrafo!).

Levanto aqui um pouquinho do véu para que possam espreitar como vai ser o nosso espectáculo:
http://youtube.com/watch?v=61Bcil321I4

E assim foram os 4 meses mais imprevisíveis e alucinados da minha vida. Deixei a semana passada um pouco de mim junto de cada criança da pré a quem dei aulas durante estes meses (não posso deixar de agradecer ao GRANDE Paulo o voto de confiança no meu trabalho) e reservo agora todas as energias para estes 3 grandes espectáculos! :)

Deixo-vos ainda o cartaz promocional do espectáculo "Habibi Baladi Khales":


- estreia a 27/Junho (6ª feira) no Cineteatro de Almeirim (Santarém), 21h

- 30/Junho (2º feira) no Auditório da Lispólis (Lisboa), 20h30

- 6/Julho (domingo) no Auditório do Fórum Cultural José Manuel Figueiredo (Baixa da Banheira), 21h

Se precisarem de mais alguma informação estou ao dispôr :)

Alma tatuada

Pensara eu que o apagar da luz pudesse trazer o sono. Ingénua.
Quando no fim de contas é tão somente este gesto que intensifica tudo.
Meia volta na cama e umas horas depois dou conta do quão perfeito seria voltar atrás no tempo.
Porque o faço, tanto, sinto que a âncora ali ficou, e um pouco de mim também.
Um toque volta a trazer luz à minha noite e leva-me inevitavelmente a reler todas aquelas palavras e frases. Desassossego.
Porque era perfeito, mesmo no meio de toda a imperfeição a que estava sujeita.
E à medida que agora procuro o sono por entre estas melodias que me transportam para lá,
não sei se acalmo, não sei se me magoa ainda mais.

Vem-me à memória outra história. Tão dela, mas ao mesmo tempo tão minha também.
Os passos que hoje custam a percorrer, já custaram no passado a alguém.
Mas do que nos serve a estrada se no final não estamos n'O porto seguro?
Porque é esse caminho que devemos seguir, sempre.
Porque é esse caminho que não consigo deixar de pisar.

Guardo comigo a imortalidade das palavras e dos actos
o calor dos lugares, o sorriso na alma, os grãos de areia,
guardo-As comigo, porque (ainda) As sinto..
porque "é sempre mais do que eu te sei dizer,
mil vezes mais do que eu te sei dizer"..

Imortais

Por mais que a vida nos agarre assim
Nos troque planos sem sequer pedir
Sem perguntar a que é que tem direito
Sem lhe importar o que nos faz sentir

Eu sei que ainda somos imortais
Se nos olhamos tão fundo de frente
Se o meu caminho for para onde vais
A encher de luz os meus lugares ausentes

É que eu quero-te tanto
Não saberia não te ter
É que eu quero-te tanto
É sempre mais do que eu te sei dizer
Mil vezes mais do que eu te sei dizer

Por mais que a vida nos agarre assim
Nos dê em troca do que nos roubou
Às vezes fogo e mar, loucura e chão
Ás vezes só a cinza do que sobrou

Eu sei que ainda somos muito mais
Se nos olhamos tão fundo de frente
Se a minha vida for por onde vais
A encher de luz os meus lugares ausentes

É que eu quero-te tanto
Não saberia não te ter
É que eu quero-te tanto
É sempre mais do que eu sei te dizer
Mil vezes mais do que eu te sei dizer


Mafalda Veiga - Imortais



Queria passar aqui para deixar simplesmente esta letra. Com tempo completo o post. Mas se tiverem oportunidade procurem e oiçam a música.. lindíssima!

Saudade

Hoje acordei ao som desta música.
Não que estivesse a tocar nalgum rádio cá por casa, ou tão pouco na televisão..
Tocava dentro de mim.



Agora que a oiço traz-me um misto de saudades e arrepio na pele. Traz-me à recordação os dias em que o sorriso era rasgado, situações com tanto de cómico como de especial.. daquelas coisinhas pequenas e inesperadas mas que no fundo nos enchem o coração.

Sim, tenho saudades.

Há relativamente pouco tempo comentaram-me o blog acerca deste tema (obrigado Hélder!) e hoje dou comigo envolta nesse pensamento. E chego tão somente à conclusão que no fundo a saudade só existe porque todos esses momentos um dia foram meus.
Sei que nunca mais ninguém vai parar um carro ao som dessa música. Mas, ainda assim, posso acordar cada dia com a sensação e a felicidade de saber o que é ser-se feliz.

Depois existem também umas saudades diferentes,
aquelas que vão pelo caminho da nostalgia e que nos rasgam um sorriso facilmente.
Aquelas que de ainda tão recentes, tão frescas, nos permitem adormecer tranquilos, com um coração cheio de memórias.
Uma expressão, um sorriso, um "adorei" ou uma frase mimada.
Dão-me motivos para continuar cada vez mais e melhor a pisar este trilho:
pé ante pé.

:)


Um agradecimento especial a quem esteve ontem no Kif. Uma noite que previa ser complicada, pelos mais variados motivos, acabou por se revelar mais uma noite daquelas! Sim, hoje durmo com o coração cheio. E sim, saudades do tempo das borboletas, tanto tanto...

Chão

Não falo em regresso porque não sei ao certo se algum dia chegou a existir uma partida..

..mas hoje pisei chão firme.

Sem chão

Sem tempo.
Mas sobretudo sem espaço.
Porque o tempo nada mais é do que a sucessão dos minutos
umas vezes mais fulminantes que outras,
mas, ainda assim, pouco mais é que o passar das horas.
Esse tempo que deixei de contar,
esses espaços que já não visito,
essas palavras que já não espero.
Hoje aprendo a gerir.
E sendo tudo uma questão de gestão das nossas rosas,
do tempo que dispensamos a cada uma delas,
mas sobretudo uma questão de atitude,
deixo-as hoje voar sem destino certo..
Não lhes corto as asas, muito menos as aprisionarei:
não as quero junto de mim. Assim.

E tal como elas rumarei, prosseguindo esta minha rota.
Por uns tempos? Para sempre?
Talvez até ter de volta o meu tempo, o meu espaço..
.. o meu Chão!



O Chão da Alma encontra-se em fase de retiro. Sem esse tempo e esse espaço por agora não faz sentido.
Quero agradecer a todos os que por aqui passam em busca de mais umas linhas, a quem passa na esperança de saber de mim e, sobretudo, a quem passa e consegue (realmente) ler nas entrelinhas: os cúmplices que decerto perceberão esta necessidede de abrandar um pouco.

O(s) Projecto(s)


Podia ter cruzado os braços,
ter-me entregue ao descanso, tão necessário em mim.
Ao invés disso, e perante um chão cujo trilho ameaçava uma rota tortuosa, arrisquei.
Troquei um mês de respiração calma e quase inerte por um mês de tumultos misturados com sorrisos,
por um passo em frente (ou deverei dizer ao lado?!) nas minhas ambições,
e uma mão cheia de novas recordações.

Nada mais será igual, por muito que o final do mês represente um ponto final nestas "férias" e o voltar ao mesmo de sempre..

Na verdade, ele vai representar o começo de tudo!
O sonho (que não sei se alguma vez o sonhei) está aí, prontinho a ser vivido.
E levo toda a bagagem pronta.
Pronta a ser doada, de corpo e alma.

Levo também na mochila o vosso apoio, o entusiasmo
e, acima de tudo, a vossa expressão de alegria e satisfação perante os meus passos.
E por muito que algumas presenças nem sempre sejam possíveis, estão sempre comigo: lá.
Porque o camarim nunca será um local a solo, nunca será apenas uma garagem fria.
O camarim é aquilo que vocês fazem dele.
São as vossas mensagens, os vossos rostos, os vossos aplausos
ou por vezes apenas o vosso pensamento ainda que distante.

Depois existem aquelas faces pequeninas e os sorrisos desdentados que nos prendem.
aqueles abraços meigos e todas aquelas palavras proferidas na inocência de quem tem 5 anos..
Sem darem conta do impacto que têm palavras pequeninas
fazem-nos crescer com eles, sorrir com eles
e desejar que o tempo não corra mais.
Parar ali, assim, no espaço. Permanecer ligada a ele.

Vou apenas esperar que o tempo não me leve estes sorrisos,
nem o calor e a reciprocidade de um olhar,
porque foram apenas eles que me fizeram dar aquele passo quase sem consciência, quase sem acreditar..
foram eles que me fizeram ficar! :)

"Bem Vindas ao Projecto!"

Rotina

Dizem que mata.
Mata a existência, a genuinidade e a força dos laços.
Quebra-os como o tempo corrói um pano,
e acaba por torná-los frios tal como um por do sol leva consigo o calor.
No fundo pinta na tela de cada um de nós uma vivência enfadonha
a qual o Homem tenta freneticamente contornar.

Por isso surgem as mudanças.

Trazem consigo uma lufada de ar fresco.
Permitem-nos tocar levemente o chão de outras almas.
Por vezes, ao tocá-lo, encontramos nele pegadas do nosso próprio chão!
Contornos em tanto semelhantes, embora de tamanhos diferentes,
que julgo até ver nesse chão a minha própria imagem reflectida.
E ao mesmo tempo que me estico um pouco mais, percebo no olhar que aquele chão não é o meu, mas que o complementa em tanto!

Por vezes a imagem no chão foge, imposta pela rotina.
Como se existisse uma linha a seguir, predestinada.
Como se o Homem estivesse resignado a essa "vivência enfadonha" ou a ela condicionado.
Porque é tão mais fácil cedermos à rotina do que arriscarmos rotas novas.
Porque todos nós, em tantos passos desta nossa caminhada,
precisamos apenas de abrandar um pouco,
e respirar.

Depois ela volta a tomar conta de nós.



Deixo-vos ainda com uma música perfeitinha..
[D'Black - Sem ar]

Diário de um náufrago

A viagem era amena, ao ritmo dum mar agora calmo.
As núvens desfaziam-se ao longe enquanto o sol lhe batia no rosto e a brisa era leve,
tão leve que quase cantava ao ouvido, baixinho.
Ele não temia o dia de amanhã, não o encarava com preocupação.
E todos os dias, à mesma hora, o sol voltava a encher-lhe o coração quase sem que se apercebesse disso.
Era simplesmente o embalar do mar que o levava
Sem rumo nem ponto de chegada, sem objectivos a alcançar.

Mas à medida que os dias foram sendo menos quentes e o caminho pareceu traçar-se diante dos seus olhos, a maré mudou. E com ela, a instabilidade do barco.

Percebeu então que não estava sozinho naquela viagem.
Os riscos de naufrágio eram cada vez maiores e só havia uma bóia..
De repente um rasgo de sol volta a encher o peito, como quem recarrega algo, de alguma forma.
Como quem inspira fundo para dar (mais) um passo em frente.
Mas as núvens não tardaram e com elas a tempestade.

Primeiro balançou ao de leve, depois a tempestade tomou conta do barco.
Embora aflito, deixou-se naufragar, não antes de ceder a bóia..
À medida que afundava toda a viagem lhe passou pela memória.
Viagem que, afinal, tinha sido tudo menos solitária. Foi curta, mas intensa.
Daquelas que sempre ficam recordadas num cantinho especial.
E perdeu todas as suas forças, com estes flashes no pensamento
E já sem oferecer resistência, deixou-se ir.

No dia seguinte acordou na praia.
Com o sol a bater-lhe no rosto..
.. novamente.

Domingos de Sol

Um dia falaram-me em Domingos perfeitos.
Domingos de sol, de calor. Domingos de descanso.
Intrigavam-me porque não os conseguia compreender.
E de repente, numa altura em que todos os dias são iguais e frios
em que todas as horas se resumem a mais do mesmo
passo a acreditar neles.

Não foi só o calor que mudou. Foi sobretudo a atitude.
Permiti-me deixar de lado as preocupações e o stress
e passar para a outra margem do rio com a mochila cheia de sonhos.
À chegada um sorriso afável, como quem diz "lembro-me de ti"
(e como é bom percebê-lo neste meio)
como quem diz "acompanha-me, vou mostrar-te o caminho".
Pé ante pé, giro e rodopio enquanto elas me acompanham
chego mesmo a julgar sentir-me levantar
de asas nas costas o mundo é meu!
Posso esconder-me, fechar-me no casulo.
Posso abri-las e tornar-me minúscula.

Trago a mochila cheia de flashes, cheia de uma vontade de lá voltar.
Trago no corpo a leveza, o som e a continuidade enraizados.
Chego a casa e espalho as memórias em cima da secretária, junto-lhes pedaços de outros dias.
E percebo que pouco importa se é Domingo ou Sexta-feira
(muito menos se há muito trabalho por fazer ou horas de sono a perder):
Importam os momentos, as pessoas, os sentimentos
a força e o calor que nos transmitem,
e tudo aquilo que nos faça sentir que valeu a pena ficar mais um pouco.

Tudo aquilo que, dia após dia, nos motiva a inspirar bem fundo
encher o peito de ar e...

.. abrir as asas! :)

**

AETA by Mário Branco

"Não sabe o que é ter descanso?
A sua vida é passada a estudar?
Tem uma relação com algum dos seus assistentes conflituosa?
Sente-se incapaz de assimilar tanta coisa?
Junte-se à AETA (Associação de Estudantes do Terceiro Ano Anónima)
Damos apoio mostrando-lhe que não está sozinho neste calvário.
Luta camarada!
O fim está longe mas é alcançável.
Se esta sms te arrancou um sorriso então já valeu a pena."


Mário, tinha de publicar :)
Os que estão juntos neste "calvário" vão certamente identificar-se com cada uma destas frases e sorrir no final. E dar graças a ti por, apesar de tudo, conseguires manter essa boa disposição aparente, embora no fundo ninguém ande bem com o "pão nosso de cada dia" que se está a tornar demasiado frequente..

Mas é mesmo como dizes.. o fim está longe
ou, quiçá, mais perto do que aquilo que penso.

Ao ritmo do piano

Ao ritmo do som mais puro sinto o meu ritmo acalmar.
Paro, viajo, perco-me. E de repente acordo noutro lugar.
A realidade que me cruza passa a ser outra: a realidade que não estou a viver
a realidade que fui construindo com os tijolos que me davam, algures num tempo perdido.
Ele continua calmo, mas a quebra traz-me de volta: bato palmas.
Volto a esta realidade tão minha, tão precisa
tão distante, mas tão viva, tão livre. Esta realidade que me cura.
Há momentos que nos marcam e viciam, que nos fazem querer voltar no dia seguinte.
Quisera eu conseguir transpor em palavras estas melodias que hoje me abraçam.
Quisera que cada uma delas te desse a mão enquanto explica os meus porquês,
enquanto conta a minha história.
Limito-me a abrir-lhes os braços, a respirá-las, como se o amanhã não mo permitisse.



Novamente ao som do piano no Atrium Saldanha.
Todos os dias a partir das 17h.
[Saudades..]

Porque o frio também queima..

É neste pedaço de calor que encontro hoje a paz
Que me encontro, perdida por entre palavras e memórias.
Olho pra trás e revejo o calor.
E ao revê-lo, julgo até sentir um arrepio de frio.
Como atraiçoa a memória, como surge tão implacável!
recorda-nos realidades passadas, traz a saudade.
Volto a olhar para trás e passa a ser apenas uma cama vazia
o calor deu lugar à indiferença.
E porque o frio também queima, coloco de novo o pulsar na caixa,
enquanto procuro em mim a chave
a mesma que farei por perder de novo.
Mas enquanto a alma se deita revive tudo, tudo de novo
e adormece, magoada, à espera que amanhã seja um novo dia.



Há locais que tanto num dia são tão nossos como no dia seguinte parece que não nos pertencem. Sítios que nos prendem a alma de tal forma que só lá conseguimos a paz. Hoje tenho a minha, aparentemente.
E amanhã, amanhã vou ouvir o piano.

Sem sentido(s)

Pé ante pé como quem traça um caminho
percorro esta rota quase sem sentidos
Dou com o tempo a voar mais rápido que o compasso habitual
e rapidamente chego ao destino
Na verdade ele é apenas mais um ponto de partida
para outra rota, outro lugar
para outros sorrisos e cumplicidades.
Sinto que o meu cantinho está reservado
e por muito que a vida nem sempre nos sorria, onde se fecha uma porta abre-se uma janela
e como é bom ver que, do outro lado dela, tenho amigos tão bons
E que, ainda que a porta continue semicerrada, nos percebem e compreendem a genuinidade dos nossos actos:
foi sentido.

O sonho mora do outro lado da rua

6 dias e mais umas pedras.
A recta final de mais um ciclo e mais umas (in)certezas.
O corpo mantém-se presente e dou pela alma passar para o outro lado da rua.
Lá, onde mora o sorriso e o futuro.
Sei que mora também o cansaço, as horas de sono perdidas, a instabilidade..
mas acima de tudo mora o sonho!
O corpo só voces, amigas, o prendem. Ou assim o vão fazendo..
Porque a alma já não mora lá.

Relatividade

O abrir de portas a mais um ano trouxe consigo um turbilhão de memórias
já por si só tão grande, mas que a chuva lá fora hoje só veio intensificar.
À contagem decrescente normalmente somos levados à euforia,
aos desejos de mudança.
Mas os 1o últimos segundos de 2007,
na cabeça e na memória
traçaram um autêntico flashback dos últimos meses.

Vi o espaço, o rosto, os sorrisos e o tempo à volta parado.

Ao longe dei conta de toda a magia que envolve cada um destes pedaços de memória
e da tão grande importância que eu preferia que não tivesse.
Está guardado, mas magoa.
E ao fixar o olhar no horizonte percebo a relatividade do tempo e dos momentos.
Sorrio.
Vejo que há coisas tão certas no tempo e no espaço em que acontecem
que relativizam quaisquer circunstâncias futuras.
Simplesmente porque foram perfeitas, especiais.