Questão de confiança

Neste mar de ilusões em que tudo o que parece no momento seguinte já não o é
limito-me a viver de forma contemplativa o tempo que esvoaça sobre mim
O espaço, esse, muda constantemente.
Tão depressa estou numa sala vazia como numa avenida repleta de gente
ou não fosse assim mesmo a mente e o espírito humanos.

Numa era tão falsa e enganadora,
num tempo em que os jogos duplos acontecem mesmo sob os nossos olhos
torna-se cada vez mais difícil encontrar a luz.
Mas eu sei que ela existe. E isso muda tudo.

A virtude de outrora tornou-se, no entanto, a dificuldade do momento.
O muro gelado não quebra nem derrete, e de tão transparente, de tanto e tantas coisas reflectir, torna cada imperfeição saliente
E volta tudo à estaca zero.
Não como se fosse a primeira vez, mas sim sendo cada vez mais uma vez.
E isso cansa, como cansa!

Demasiado exigente dirão?! Sim. São marcas e cicatrizes do tempo.
Esse que, por muito que continue a esvoaçar suavemente, nunca as irá apagar.
São pequenos tijolos nesta minha construção de personalidade.
Daqueles que servem de alicerce, os primeiros, aqueles que nunca poderemos alterar.

A vantagem da personalidade humana está no facto de a podermos moldar
de colocar pequenos remendos que taparão as lacunas do passado.
Quanto a isso, ainda está para vir a pessoa que terá essa capacidade.
A alma (ou a minha outra metade) que irá conter a minha confiança,
a totalidade da essência do meu ser.


Porque tudo se resume a isso mesmo: uma questão de confiança.

1 comentário:

Anónimo disse...

hei eu confio em ti ;-). Beijinho*